Nossa, lendo seu texto, pensei, claro, óbvio que estamos cada vez mais comprimidos pelo tempo no trabalho, mas é como só tivesse me dado conta ao ler suas palavras. Isto porque me culpei por muito tempo por ter me afastado dos livros, como se eu fosse a única responsável. A jornada do trabalho é opressora, e coloco aqui mais uma questão: será que além do trabalho, a jornada doméstica consome ainda mais as mulheres? Não vi a pesquisa, mas chego a arriscar o palpite que a 'falta" de leitura pode apontar mais para o gênero feminino, além dos aspectos citados por vc. Falando de mim, por alguns anos me senti sobrecarregada pela maternidade, afazeres domésticos e trabalho. Por hora, é preciso muito manejo e jogo de cintura para manter a leitura como um hábito, tenho certeza de que se a distribuição do trabalho feminino fosse mais justa, teria um ritmo de leitura maior.
Bruna, não tenho dúvida de que a maneira como as relações sociais se estabelecem (demarcadas pelo patriarcado) afasta ainda mais as mulheres da leitura e de diversas atividades que consideramos importantes. O trabalho doméstico ainda é desempenhado (na maioria dos lares) pelas mulheres e isso também precisa ser enfrentado se quisermos ampliar acessos, vivenciar transformações reais na nossa sociedade. Obrigada por compartilhar tua opinião aqui.
Precisamos discutir MUITO e reavaliar nossa relação com o trabalho e com o tempo. Sim, criamos estratégias para seguir lendo mesmo em meio a uma pilha de coisas por fazer (eu sou dessas porque já me vi sem a literatura e não conseguia me reconhecer no espelho então hoje eu faço malabares, mas não deixo de ler), porém é essencial se repensar enquanto sociedade. Listas e listas de “como ler tendo pouco tempo” não vão resolver os problemas sociais por trás da falta de leitura no Brasil.
Você está certíssima! Eu sempre penso nos malabares que fazia pra ler nos períodos em que o tempo era escasso. Comprei Kindle nessa época, lia no ônibus, na fila do restaurante universitário, no horário de almoço do trabalho, enfim, sempre que dava. Mas a gente não pode olhar pro individual. Só mesmo uma discussão ampla e mudança estruturais vão nos fazer avançar enquanto sociedade. Grata por compartilhar tua visão por aqui.
Me identifiquei demais com você, Larissa, me senti da mesma forma na faculdade de direito, afastada do que me fazia mais feliz. Até trabalhando no Tribunal eu sentia isso, principalmente porque eu não queria ficar ali pra sempre. É bom que a nossa geração está revendo atitudes que nossos pais e avós tinham como regras e criando hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Às vezes parece que o mundo tá acabando? Parece. Mas só de ter gente disposta a discutir o que antes era indiscutível me dá esperança.
Algumas realidades não são fáceis de mudar. Eu gosto de pensar que tudo tem um preço e nem sempre vale a pena pagar por ele. Na medida do possível, temos que acolher os incômodos e buscar formas de transformar nossa realidade. Ter opções (especialmente quando o assunto é trabalho) já é um privilégio e tanto! Para além das questões individuais, mobilizações coletivas também são necessárias para ampliar acessos e garantir boas condições de vida a mais gente.
Trabalhar demais rouba nossa vida! Eu nunca cheguei a trabalhar 6x1 (privilégio), mas meu último emprego me exigia disponibilidade 24h - e quando eu não tava disponível, ocupava uma carga mental gigantesca. Uma grana de horas extras, mas 0 saúde - risco cardíaco aos 23 anos, causado por estresse.
Saí dele pra um emprego que em teoria eu trabalharia 4h a mais (no tóxico a gente "saía" 14h na sexta), só que esse novo é home office e flexível, cultura organizacional excelente. Eu ganhei a minha vida de volta!!! Hoje vejo que eu não tinha opção na época pq a gente precisa pagar contas, mas eu tava literalmente morrendo lá dentro. Saí e minha saúde voltou a ser a de uma pessoa de 24 anos, bizarro.
Muitas vezes, não percebemos que a rotina exaustiva de trabalho rouba nossa vida e aquilo que realmente nos motiva. Repensar as relações de trabalho é fundamental para alcançar os avanços sociais que almejamos. Giovanna, obrigada por compartilhar tuas vivências aqui.
Amei o texto e amei ver minha arte aqui ❤️
Nossa, lendo seu texto, pensei, claro, óbvio que estamos cada vez mais comprimidos pelo tempo no trabalho, mas é como só tivesse me dado conta ao ler suas palavras. Isto porque me culpei por muito tempo por ter me afastado dos livros, como se eu fosse a única responsável. A jornada do trabalho é opressora, e coloco aqui mais uma questão: será que além do trabalho, a jornada doméstica consome ainda mais as mulheres? Não vi a pesquisa, mas chego a arriscar o palpite que a 'falta" de leitura pode apontar mais para o gênero feminino, além dos aspectos citados por vc. Falando de mim, por alguns anos me senti sobrecarregada pela maternidade, afazeres domésticos e trabalho. Por hora, é preciso muito manejo e jogo de cintura para manter a leitura como um hábito, tenho certeza de que se a distribuição do trabalho feminino fosse mais justa, teria um ritmo de leitura maior.
Bruna, não tenho dúvida de que a maneira como as relações sociais se estabelecem (demarcadas pelo patriarcado) afasta ainda mais as mulheres da leitura e de diversas atividades que consideramos importantes. O trabalho doméstico ainda é desempenhado (na maioria dos lares) pelas mulheres e isso também precisa ser enfrentado se quisermos ampliar acessos, vivenciar transformações reais na nossa sociedade. Obrigada por compartilhar tua opinião aqui.
Precisamos discutir MUITO e reavaliar nossa relação com o trabalho e com o tempo. Sim, criamos estratégias para seguir lendo mesmo em meio a uma pilha de coisas por fazer (eu sou dessas porque já me vi sem a literatura e não conseguia me reconhecer no espelho então hoje eu faço malabares, mas não deixo de ler), porém é essencial se repensar enquanto sociedade. Listas e listas de “como ler tendo pouco tempo” não vão resolver os problemas sociais por trás da falta de leitura no Brasil.
Você está certíssima! Eu sempre penso nos malabares que fazia pra ler nos períodos em que o tempo era escasso. Comprei Kindle nessa época, lia no ônibus, na fila do restaurante universitário, no horário de almoço do trabalho, enfim, sempre que dava. Mas a gente não pode olhar pro individual. Só mesmo uma discussão ampla e mudança estruturais vão nos fazer avançar enquanto sociedade. Grata por compartilhar tua visão por aqui.
Me identifiquei demais com você, Larissa, me senti da mesma forma na faculdade de direito, afastada do que me fazia mais feliz. Até trabalhando no Tribunal eu sentia isso, principalmente porque eu não queria ficar ali pra sempre. É bom que a nossa geração está revendo atitudes que nossos pais e avós tinham como regras e criando hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Às vezes parece que o mundo tá acabando? Parece. Mas só de ter gente disposta a discutir o que antes era indiscutível me dá esperança.
Algumas realidades não são fáceis de mudar. Eu gosto de pensar que tudo tem um preço e nem sempre vale a pena pagar por ele. Na medida do possível, temos que acolher os incômodos e buscar formas de transformar nossa realidade. Ter opções (especialmente quando o assunto é trabalho) já é um privilégio e tanto! Para além das questões individuais, mobilizações coletivas também são necessárias para ampliar acessos e garantir boas condições de vida a mais gente.
Vamos em frente, com coragem.
Trabalhar demais rouba nossa vida! Eu nunca cheguei a trabalhar 6x1 (privilégio), mas meu último emprego me exigia disponibilidade 24h - e quando eu não tava disponível, ocupava uma carga mental gigantesca. Uma grana de horas extras, mas 0 saúde - risco cardíaco aos 23 anos, causado por estresse.
Saí dele pra um emprego que em teoria eu trabalharia 4h a mais (no tóxico a gente "saía" 14h na sexta), só que esse novo é home office e flexível, cultura organizacional excelente. Eu ganhei a minha vida de volta!!! Hoje vejo que eu não tinha opção na época pq a gente precisa pagar contas, mas eu tava literalmente morrendo lá dentro. Saí e minha saúde voltou a ser a de uma pessoa de 24 anos, bizarro.
Muitas vezes, não percebemos que a rotina exaustiva de trabalho rouba nossa vida e aquilo que realmente nos motiva. Repensar as relações de trabalho é fundamental para alcançar os avanços sociais que almejamos. Giovanna, obrigada por compartilhar tuas vivências aqui.